- “Ser
Trans no Brasil é Transgredir” (Marina Reidel)
Ao
considerar que uma das premissas básicas – se não a principal – da ética da profissão
na Psicologia é a prática da não estigmatização do sujeito, é dar lugar e voz a
minorias sociais, minorias essas que não são consideradas como tais por seu
menor número populacional, mas sim, pela sua invisibilidade social, torna-se
essencial e indispensável levantar a discussão do dia de hoje: Dia 29 de
Janeiro, dia da visibilidade Trans (travestis e transexuais).
É possível nos questionarmos por que
a necessidade de um dia para ser marcado e dedicado à visibilidade Trans. Em
uma sociedade que, reforça estigmas, insiste em invisibilizar e retirar lugar destes
sujeitos na sociedade, dedicar um dia para marcar e tornar visíveis sujeitos tão
marginalizados no dia a dia torna-se indispensável para dar lugar e espaço à
luta contra a transfobia, à ocupação dos espaços, ao rexistir de uma população estigmatizada
nos demais dias do ano.
O
CFP publicou, no ano de 2018, uma resolução que oferece normas técnicas de
atuação para psicólogos em relação às pessoas transexuais e travestis,
reafirmando a defesa da expressão singular dos sujeitos e a não patologização
enquanto referenciais éticos para a profissão. A possibilidade de ter acesso ao Nome Social (Decreto
nº 8.728/16) quando em espaços públicos é uma conquista ainda em implementação. Pois,
para além do que está previsto em leis e normativas, sabe-se que o acesso a direitos
e à convivência em sociedade dependem, principalmente, de uma mudança na lógica
de marginalização de corpos e expressões de gênero que fujam à
heteronormatividade.
A transexualidade é vivenciada
através do corpo. Isso significa que, não é possível omiti-la ou escondê-la, isto
é, para um sujeito trans vivenciar essa experiência, a visibilidade física é
necessária, visto que é o corpo que dá lugar à sua identidade. Que essa
visibilidade não seja mais apenas física, mas também referente ao acesso a direitos
humanos, à dignidade, ao respeito. É acolher e dar voz à subjetividade e
singularidade de cada sujeito.
Nós,
profissionais da psicologia, gostaríamos de parabenizar no dia 29 de janeiro a
todxs que nos demais 365 dias do ano rexistem, se fazem existir e transgridem
em uma sociedade que, a todo momento, insiste em reforçar a invisibilidade e
oprimir aquelxs que fogem à norma.
De autoria de Jordana Rodrigues da Silva (CRP 07/25.204) e Larissa Goya Pierry (CRP 07.25.248).